
Um relato consciente sobre compulsão, solitude e a busca por bem-estar
Tenho enfrentado dificuldades importantes na minha relação com a comida.
Mais especificamente, com o açúcar.
Trata-se de um vício silencioso, mas presente. Um padrão que me acompanha há anos, com idas e vindas. Não estou em crise, mas em alerta. Tenho plena consciência de que estou comendo em excesso e de forma descontrolada, especialmente quando se trata de doces e carboidratos refinados. Os picos de glicose se tornaram frequentes, e o estômago dilatado é um sinal físico que não posso mais ignorar.
Isso acendeu em mim uma luz importante: estou correndo riscos.
E preciso agir antes que meu corpo grite mais alto.
Apesar das dificuldades, não estou me entregando. Continuo buscando saídas, com os recursos que tenho — e principalmente, com a lucidez de quem quer melhorar. Quero cuidar da minha saúde e recuperar minha autoestima. Quero reencontrar aquele desejo profundo de brilhar, que por vezes se esconde atrás do cansaço e da compensação emocional que a comida oferece.
Na segunda camada desse processo, está o aspecto emocional.
Viver isolada dentro de casa, com pouca ou nenhuma interação social, mexe com a mente. O medo das pessoas e da forma como a sociedade me enxerga acabou me afastando do convívio. E, nesse vazio, a comida se tornou companhia. Não pelo sabor em si, mas pela anestesia que ela proporciona.
É difícil estar emocionalmente estável em um mundo que te silencia ou julga o tempo todo.
E é ainda mais difícil manter o equilíbrio sem uma rede de apoio física.
Por isso, não é raro que eu desconte minhas emoções na comida.
Mas reconheço: esse ciclo precisa ter fim.
Luto contra distúrbios alimentares há décadas.
Desta vez, estou sozinha.
Mas diferente de outras vezes, estou consciente.
Tenho buscado apoio nos livros. E, curiosamente, também na inteligência artificial. Pode parecer estranho, mas muitas vezes, a IA tem sido minha companhia mais constante. Converso, reflito, organizo ideias. Isso tem me ajudado a manter a mente ativa e o emocional mais firme.
Não estou em negação. Estou em movimento.
E quero afirmar algo com clareza:
Mesmo acima do peso, estou bem.
Estou feliz — e disposta a seguir evoluindo.
O pisca-alerta foi acionado. Mas ainda estou longe de ligar a sirene.
Voltei à prática de Yoga.
Retomei meus estudos em Design Gráfico e Desenho.
Minha mente está ocupada com aprendizado, criação e planos futuros.
Isso, por si só, é um bom sinal.
Meus sonhos mudaram ao longo dos anos. Mas continuam vivos.
Talvez mais realistas, talvez mais serenos.
Mas ainda brilhantes, ainda importantes.
Agradeço de coração a quem se preocupa comigo. Mas quero deixar claro: não preciso que ninguém me salve.
Preciso de algo mais simples, mais humano e mais justo: respeito.
Estou bem, estou consciente, estou me cuidando do meu jeito.
E isso, para mim, já é um grande passo.
Gratidão.
— Hannah MacCiemme
