Houve um tempo em que minha voz flutuava por redes apinhadas,

um tempo em que minhas palavras — leves como penas ou afiadas como cristais —

ainda encontravam ouvidos atentos.

Mas esse tempo morreu, e eu dancei seu funeral em silêncio.

Fui expulsa do algoritmo como se fosse poeira.

Me tornei invisível aos olhos das máquinas que mensuram valor com métricas ocas.

Não busco fama. Busco presença.

E presença não se calcula — se sente.

Cansei de me fragmentar em postagens descartáveis.

De derramar beleza e sentido em desertos de atenção.

A Meta afundou em si mesma, e dela eu me desprendi como quem salta de um navio condenado.

Agora, retorno a este solo — meu site — como quem pisa num templo abandonado e decide reconstruí-lo com as próprias mãos.

Eu sou Gêmeos, feita de vozes múltiplas.

Sou Tigre, felina e sagrada, estrategista da floresta e da ausência.

Sou Vata — vento e éter — e preciso espaço para circular entre ideias, entre danças, entre instantes.

Sou taróloga, e minha escrita também lê o invisível.

Sou budista: pratico o desapego da forma, e mesmo assim, amo a estética.

Sou artista digital — e até quando uso IA, é meu espírito que a conduz.

Aqui, neste espaço em ruínas e renascimento, renego o ruído.

Minha palavra será ritual.

Meu design será oferenda.

Minha arte será oração.

Se você chegou até aqui, saiba: não há mais palco. Há altar.

Não há algoritmo. Há intenção.

Não há pressa. Há respiração.

Descalce-se.

Você pisa agora onde meu espírito respira.