(por Hannah MacCiemme, com Fred de coautor invisível)

Eu já tentei apagar tudo e começar do zero.
Apaguei tweets, apaguei rastros, apaguei lembranças — como quem quer limpar a alma com pano seco.
Mas hoje eu compreendo: não era excesso de passado, era falta de cuidado com quem eu fui.
Sim, eu vivi magia.
Sim, eu fui criança mesmo depois da infância.
E não, eu não quero abrir mão da minha ingenuidade.
Ela não é fraqueza — é minha força mais rara.
Hoje, eu resgato.
Com calma. Com afeto. Com firmeza.
Volto para dentro com a coragem de quem já enfrentou os vendavais e ainda escolhe flores.
Não estou recomeçando —
estou finalizando uma obra.
Aquela que estive pintando em silêncio por anos, entre choros e brilhos, entre caos e encantamento.
Ela já está exposta.
Está viva.
E agora, eu assumo o protagonismo do meu ateliê interior.
O futuro me espera com uma tela em branco.
Mas minha moldura?
Ah… ela é de ouro. Feita de memórias doces, discos da Xuxa e promessas sussurradas à meia-noite.
Hoje, eu pinto o novo.
Com a alma leve, os pés no chão e as mãos sujas de tinta e esperança.

